terça-feira, 30 de novembro de 2010

plano de aula

Consciência Negra

Objetivos

1) Reconhecer a historicidade da comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra, ou melhor, a percepção desta data como resultante de intensa atividade do movimento negro no Brasil;
2) Desenvolver atividades que visem ao debate sobre os preconceitos que ainda são presentes na sociedade brasileira e à busca de algumas de suas raízes históricas.
Comentário introdutórioA partir de 9 de janeiro de 2003, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que institui a obrigatoriedade da inclusão do ensino da História da África e da cultura afro-brasileira nos currículos de estabelecimentos públicos e particulares de ensino da educação básica. A decisão ocorreu diante da necessidade de debates sobre a pluralidade cultural que caracteriza o Brasil e de reflexões sobre o papel do negro na formação da cultura brasileira.
Além de aspectos educacionais, a lei n°10. 639 acrescenta que o dia 20 de novembro deve ser inserido no calendário escolar como Dia Nacional da Consciência Negra.
Esses aspectos são fundamentais no debate se é esperado que os alunos reconheçam a importância dos diferentes agentes na história do país: entre eles, os africanos e os afro-descendentes.
Estratégias1) Inicialmente, discuta com os alunos se eles acham necessária uma comemoração como a do Dia Nacional da Consciência Negra. Crie situações polêmicas para que você possa sentir como os alunos tratam essa questão, se têm ou não opinião formada ou se simplesmente desconheciam a existência da data.
2) Agora explique ao grupo o sentido da comemoração àqueles que lutaram para que fosse incluída no calendário cívico nacional. Apresente as razões para a adoção desta data e a "negação" do 13 de maio.
3) Para que a aula adquira ainda mais sentido aos alunos, faça uma breve explanação sobre a figura de Zumbi dos Palmares e a simbologia dele para o movimento negro no país.
Atividades
1) Os alunos podem utilizar a lei 10.639, que institui a obrigatoriedade da inclusão do ensino de História da África e da cultura afro-descendente como documento. Eles devem analisar a data em que foi criada, com qual objetivo etc.
2) Depois do estudo desta lei, é preciso refletir sobre a adequação ou não dela ao contexto histórico do debate, ou seja, no cotidiano dos alunos. Para isso, o professor pode levar para a turma diferentes reportagens ou notícias relacionadas à temática, preferencialmente com abordagens bastante diferenciadas, ou melhor, com posicionamentos distantes, em relação a política de cotas para negros na universidade, por exemplo.
3) Depois da leitura (em equipes), os alunos devem colocar-se em relação ao seu material e expor as conclusões. A sala deve conversar sobre o assunto e nenhuma das interpretações precisa aparecer como verdade absoluta: todos têm direito a expressar suas opiniões o que, obviamente, significa não desrespeitar o outro.
Sugestões e dicas
Depois de todo esse trabalho, os alunos podem ter interesse por assuntos como preconceito, ou mesmo como a escravidão. Fique atento para que a importância do negro na sociedade brasileira não fique resumida a estes aspectos. Para isso, basta apresentar alguns importantes personagens da história nacional dos negros.



Luta armada e repressão
Objetivos
1) Reconhecer a conjuntura política da luta armada;
2) Reconhecer o uso dos filmes como fontes para a construção do conhecimento e análise do momento histórico em que foi produzido (filme como documento);
3) Debater os alcances da repressão no país;
4) Promover a reflexão sobre os diferentes posicionamentos dos sujeitos históricos em uma mesma conjuntura.
Comentário introdutório
O desenvolvimento dessa aula possibilita ao aluno reconhecer o que foi a luta armada no Brasil e como se deu a derrota. A aula deve estar inserida em uma seqüência didática referente à ditadura militar brasileira ou mesmo dentro de um programa que avalie o direcionamento das esquerdas dentro e fora do Brasil.
Estratégias
1) É fundamental que os alunos conheçam o que foi a luta armada no Brasil, as especificidades dela e os objetivos. Apresente de maneira expositiva esses aspectos, de modo que fique evidente que a história não é feita apenas pelos "grandes nomes".
2) Analise detalhadamente alguns dos atos institucionais e mostre aos alunos as justificativas dadas pelos grupos de luta armada.
3) Depois dessa apresentação, deixe que os alunos assistam ao filme "O Que é Isso, Companheiro?", de Bruno Barreto.
4) Depois de assistir ao filme, peça aos alunos que representem a cena que mais tenha atraído a atenção deles. Para isso, solicite que utilizem diferentes tipos de produções artísticas (desenhos, versos, recorte e colagem etc). Peça para alguns deles apresentarem as criações. Conforme o grupo fizer referência às cenas, escolha as que mais auxiliam você a aprofundar suas análises. Crie sua argumentação baseada nas descobertas de seus alunos.
5) Por fim, apresente as idéias dos movimentos de luta armada. Tente não resumir a escolha a apenas um grupo e um posicionamento.
Atividades1) Peça que os alunos pesquisem sobre os métodos de violência usados durante a ditadura. Montem um pequeno mural na sala. Ele deve ser usado para criar e fixar a definição da turma (obviamente baseada em pesquisas) do que é violência, censura e luta armada, a fim de que o grupo se coloque criticamente sobre o fato histórico em análise.
2) Busque em jornais e revistas dados sobre as indenizações e as pessoas com doenças causadas pela violência.
3) Realize com a turma uma análise mais detalhada do filme como documento, reflita sobre as razões que levaram essa versão a lotar os cinemas no país.
Sugestões e dicasAprofunde com seus alunos os alcances da repressão no país. Uma possibilidade é o uso da obra "Um relato para a história: Brasil nunca mais", escrito por estudiosos que retratam as angústias, os abusos e a repressão cometidos pelo regime, usando documentos produzidos pelas próprias autoridades da ditadura militar.


"Instrumentos musicais"





segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mau preparo de professor atrapalha ensino de literatura afro

Educadores afirmam que há boas obras e materiais didáticos disponíveis, mas docentes ainda não sabem como trabalhá-los em sala
Marina Morena Costa, iG São Paulo | 20/11/2010 06:01

Uma menina negra, com vasta cabeleira, tenta entender por que seu cabelo não para quieto. Ela encontra um livro sobre países africanos e passa a compreender a relação entre seus cachos e a África. A história é contada no livro “Cabelo de Lelê”, de Valéria Belém, e segundo a pedagoga e pesquisadora Lucilene Costa e Silva, um dos bons exemplos de literatura afro-brasileira infantil. “Nas séries iniciais, as crianças estão construindo a identidade. Ter acesso a obras que mostrem personagens como elas, é fundamental”, avalia.

Lucilene dá aula há 20 anos na rede pública de ensino do Distrito Federal e conta que sentia falta da imagem negra nos livros de literatura infantil. “Cheguei a contar a história ‘Chapeuzinho Vermelho’ usando uma boneca negra com capuz vermelho. Hoje sei que isso não é mais necessário. A África tem histórias, personagens e enredos lindíssimos.”
Atendendo à lei 10.639, que determina o ensino de cultura afro-brasileira nas escolas, o Ministério da Educação (MEC) e as secretarias municipais e estaduais de ensino têm cada vez mais distribuído obras e vídeos protagonizados por personagens negras ou que abordam a diversidade étnico-racial. “É visível o aumento na quantidade de material didático e para-didático disponível sobre o tema após a implantação da lei”, afirma Luciano Braga, professor de Artes há 15 anos das redes municipal e estadual de São Paulo e co-autor, junto com Elizabeth Melo, do livro “História da África e afro-brasileira – em busca das nossas origens”, lançado em 13 de maio de 2010.

Foto: Thinkstock
Educadores afirmam que a literatura infantil sobre diversidade étnica ajuda a combater a discriminação racial
O professor conta que obras com contos e lendas africanas são uma novidade recente nas duas escolas onde dá aulas. “Estamos recebendo livros nos quais o herói é uma criança negra ou onde há personagens brancos e negros. A questão não é valorizar uma cultura ou outra e sim fazer com que a criança se sinta pertencente ao meio. É assim que combatemos a discriminação”, ressalta. Da mesma forma que contos de fada e histórias europeias são narrados em sala de aula, histórias e lendas africanas e indígenas devem ser apresentadas, defende o professor.
No livro infantil “Betina”, de Nilma Lino Gomes, uma avó trança os cabelos da neta e conversa sobre seus ancestrais. “Na África as tranças têm diferentes significados e o cabelo é muito importante para a mulher. Está ligado à identidade”, explica Lucilene. Quando a professora terminar de contar a história de Betina, uma menina de rosto redondo, olhos negros e cabelo todo trançado, os alunos ficam encantados. “Todas as crianças, negras e brancas, querem ser a Betina”, conta.
Formação de professores
Lucilene desenvolve pesquisa de mestrado na Universidade de Brasília (UnB) sobre a presença da literatura afro-brasileira no Programa Nacional Biblioteca da Escola do MEC, que distribui obras de literatura, pesquisa e referência para as escolas públicas brasileiras. Apesar de o ministério não ter um levantamento específico das obras que abordam essa temática, a pesquisadora afirma que os livros estão presentes no catálogo oferecido. “É um avanço, mas em muitas escolas do DF as obras chegam e ficam encaixotadas, porque os professores não sabem como trabalhá-las”, afirma.
Em São Paulo, Braga promove palestras e oficinas sobre diversidade étnica e encontra o mesmo problema: materiais didáticos deixados de lado porque os professores não sabem como usá-los.
A coordenadora da área de diversidade do MEC – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) –, Leonor Franco, reconhece que o principal entrave para a aplicação da lei é a formação dos professores. “O nó da questão é a qualificação, a formação de professores e gestores. Não basta capacitar só os professores, tem que sensibilizar todos os funcionários da escola, os diretores, o secretário de educação. Não adianta colocar livro na escola se o professor não souber o que fazer com aquilo”, afirma.
Segundo Leonor, grande parte do problema está no ensino superior. A temática e o conteúdo da diversidade étnico-racial não estão nos cursos de licenciatura: “Nossa formação continuada é quase uma formação inicial”, critica. Outro desafio é a ampliação de parcerias para oferecer cursos de capacitação. Atualmente os editais do MEC são voltados apenas para instituições de ensino superior federais e estaduais. “Temos secretarias de ensino que têm condições de promover capacitação. O resultado é que a gente tem tido dinheiro (na Secad), mas poucos projetos bons para formação de professores.”
Salloma Salomão, músico e doutor em História Social pela PUC-SP, atua na formação de docentes pela rede de educadores Aruanda Mundi. Nos últimos cinco anos, cerca de 3 mil professores de mais de cinco estados diferentes foram capacitados. “Faltam investimentos das secretarias em projetos formativos sistemáticos e de longa duração”, aponta. Segundo Salomão, os cursos oferecidos pela Aruanda têm duração mínima de 120 horas, mas o ideal seria 360 horas e dois anos de duração.
O historiador destaca a importância do uso das tecnologias na capacitação dos docentes. Por meio de plataformas da internet, Salomão promove a interação de professores brasileiros com africanos, principalmente de países de língua portuguesa. “Falar de África não significa tirar o sapato e pisar na terra. Há inúmeras possibilidades com o uso da tecnologia. Precisava de um mapa étnico-linguístico da África e um pesquisador da universidade de Coimbra nos forneceu o material. É um processo de aprendizagem com o que há de mais contemporâneo.”

Veja a lista de obras de literatura afrobrasileira para crianças indicadas pela professora Lucilene Costa e Silva, pesquisadora de litaratura infantil afro-brasileira:

A serpente de Olumo – Ieda de Oliveira – Ed Cortez Editora
ABC do continente africano –Rogério A. Barbosa – Ed. SM
Anansi, o velho sábio – Um conto Axanti recontado por Kaleki – Ed Companhia das Letrinhas
Ao sul da África – Laurence Questin – Catherine Reisser – Companhia das Letrinhas
Betina – Nilma Lino Gomes – Mazza Edições
Brinque- Book conta fabulas – Bob Hortman e Susie Poule
O Cabelo de Lelê – Valéria Belém – Ibep Nacional
Chuva de Manga – James Rumford – Ed brinque Book
O dia em que Ananse espalhou a sabedoria pelo mundo – Eraldo Miranda – Editora Elementar
Doce princesa Negra- Solange Cianni- Ed-L.G.E
Era uma vez na África – Jean Angelles – Ed. LGE
Euzebia Zanza – Camila Fillinger – Ed Girafinha
O funil Encantado - Jonas Ribeiro - Ed Dimensão
Gente que mora dentro da gente-Jonas Ribeiro-Ed Dimensão
Histórias da Preta – Heloisa Pires Lima –Ed. Companhia das Letrinhas
Ifá, o advinho; Xango, o Trovão; Oxumarê, o Arco-iris – Raginaldo Prandi – Ed. Companhia das Letrinhas
Krokô e Galinhola – Um conto africano por Mate – Ed brinque Book
O livro da paz-Todd Parr- Ed Panda-Book
Lendas Africanas. E a força dos tambores cruzou o mar - Denise Carreira - Ed. salesiana
O mapa – Marilda Castanha – Ed. Dimensão
Meia dura de sangue seco – Lourenço Cazarré – Ed. LGE
Na minha escola todo mundo é igual - Rossana Ramos e Priscila Sanson - Ed Cortez
Nina África – Lenice Gomes, Arlene Holanda e Clayson Gomes – Ed. elementar
A noite e o Maracatu – Fabiano dos Santos – Ed Edições Demócrito Rocha
Orelhas de Mariposa - Luiza Aguilar e Andre Neves-Ed Callis
O presente de Ossanha – Joel Rufino dos Santos- Ed. Global
Por que somos de cores diferentes? – Carmem Gil- Ed girafinha
Que mundo maravilhoso – Julius Lester e Joe Cepeda – Ed Brinque Book
Sergio Capparelli – Ed. Global
Tem gente com fome – Solano Trindade Ed. Nova Alaxandria
Os tesouros de Monifa – Sonia Rosa – Ed Brinque-Book
Todas as crianças da terra – Sidónio Muralha –Ed Global
Uma menina e as diferenças – Maria de Lourdes Stamato de Camilis-Ed Biruta
Viver diferente – Lilian Gorgozinho – Ed L.G. E Editora